a chuva não dá trégua para os desabrigados que vivem por aí, ela não dá trégua para os pobres trabalhadores atravessando a cidade em busca de um trabalho que dê para se sustentar mais um pouco, que dê para aguentar a vida mais um tanto, ela não se importa com a vida dos pobres motoristas de ônibus, ela não está se importando comigo, pois se estivesse escutaria atenta todas as minhas preces.
chove, chuva, vai, mas chove com toda a força, chove que é pra ver se você consegue lavar essa minha alma marcada e cheia de tinta que já desbotou.
chove, chuva querida, chove enquanto eu ando sozinha pela rua, chove enquanto eu procuro um novo lugar para me abrigar, uma nova pessoa para me alegrar.
chove para que eu me molhe e para que sinta a minha roupa colando, meu cabelo se unindo ao meu rosto e para que passe despercebidas essas milhares de lágrimas que estão escorrendo em meu rosto.
chove chuva, chove mais, chove sem parar.
faz passar essa dor, leva contigo tanto sofrimento, tanta mágoa, jogue tudo isso com as outras gotas de chuva que foram para o bueiro.
chove, chuva bonita.
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