Oposto do oposto do oposto.

dois passos num compasso só.

terça-feira, 23 de março de 2010

Carolina

Éramos três e ali estávamos a muito tempo e quase não nos movíamos, exceto pelas poucas vezes que ousávamos dizer alguma coisa.



Ficávamos calados por muito tempo, tempo demais.


Alguém disse alguma coisa, não notei. Não percebi que a sala agora tinha outras pessoas, não percebi a frase oculta escondida nos lábios de quem muito sofreu.


Ela queria dizer alguma coisa, eu sentia isso mas não ousei perguntar, eu não podia. Como poderia? Como perguntaria?


Ela se levantou, hesitou em levantar mas levantou, andou até a janela e a abriu.


Ela olhou o sol, ela sorriu, ela quase chorou, ela parou.


E eu parado observei aquela linda mulher grávida que meu filho estava carregando, sentou-se junto a mim calada, pôs minha mão em sua barriga e me fez sentir nosso fruto, me fez sentir uma alegria incontrolável, me fez chorar.


De joelhos a ela pedi perdão, pelas vezes que a fiz chorar, pelas vezes que havíamos discutido, por todas as vezes que eu dei a impressão que não a amava.


Ela com seu dedo nada fino tampou minha boca e sussurrou que me amava e que ha tempos havia me perdoado.


Eu estático a olhei e naqueles olhos fundos mergulhei, a vi passando toda dor do mundo. Vi naqueles olhos tristes os amores que hoje já não existem, vi nela o que nunca havia visto.


Me orgulhei de ter casado com aquela bela mulher de dedos nada finos, cujo nome era Carolina.










-Carolina Dourado Gabaldo. 23/03/2010
tá, eu sei que geralmente não ponho meu nome nos textos, mas, não fala de mim, fala da suposta Carolina. sabe? a do chico? pois é. fala dela.
então, só passei pra postar o texto.
aqui quem vos escreve é Carolina,
grande abraço.